O mito Egipcio sobre o Destino da Alma

Segundo os antigos egípcios, o homem, após a morte, tem sua alma guiada pelo deus Anúbis até a Sala das Duas Verdades para ser julgada. Os recém-falecidos se organizam em fila, aguardando a sua vez de ser julgado. Osíris, o deus da vida, morte e ressurreição, preside o tribunal. Enquanto Thoth, o deus da sabedoria, registra o acontecimento.


O coração do falecido é colocado por Anúbis num lado da balança de Ma’at, deusa da verdade e da justiça. Do outro lado, é colocado por Ma’at sua pena de avestruz, símbolo da leveza e equilíbrio cósmico. As ações de cada homem feitas em vida foram registradas por Thoth e elas refletem no peso do coração.


Se o falecido levou uma vida justa e equilibrada, alinhada com os princípios de Ma’at, então a balança ficará equilibrada e ele será guiado por Thoth para entrar no reino celestial e viver eternamente junto dos deuses.


No entanto, se o coração for mais pesado que a pena, sua vida foi cheia de injustiças e pecados. Nos casos em que isso acontecia, um sentimento terrível de medo e angústia tomava conta de todos os falecidos presentes. Pois Ammit, que estava oculto nas sombras, aparecia com seu olhar faminto e dentes afiados. Ammit, o devorador de almas, um animal híbrido com corpo de leão, patas de crocodilo e cabeça de hipopótamo, devoraria esse pesado coração, aniquilando a alma do falecido para sempre.

Ética e Moralidade

Há grandes ensinamentos que poderiam ser extraídos desse mito.


O mais visível são a ética e a moralidade. O coração do falecido, representando suas ações durante a vida, é meticulosamente examinado. Este escrutínio ressalta a importância de viver de acordo com princípios éticos, sugerindo que a qualidade de suas escolhas molda o seu destino. O conceito de Justiça também está bem realçado. Cada homem receberá a recompensa ou a punição pelos seus atos praticados.


Além disso, o coração, geralmente visto como a sede das intenções em diversas culturas e épocas, pode ser entendido como a verdade interior. Não é apenas as ações externas que estão sendo julgadas. O coração, na balança de Ma’at, está representando a própria intenção de cada ato. Você pode enganar os outros, fazendo boas obras com más intenções. Mas você não pode tirar isso do seu coração. Ou seja, não pode esconder isso de si mesmo.

Escrevendo a História

Outra grande lição desse mito é o fato de que é você mesmo o autor de sua própria história. Na balança de Ma’at, é pesado apenas o coração do falecido que está sendo julgado. Não estão presentes os corações de amigos, parentes e conhecidos. Cada um responde pela sua própria vida. Assim, quanto maior for a consciência que você possuir de que é você mesmo o autor de sua história, maior será a sua liberdade para viver uma vida autêntica, plena e realizada.

O Julgamento Hoje

O julgamento de Ma’at ocorre com você, todas as vezes em que você reflete sobre o rumo de sua vida e os frutos de suas ações. Quando o dia acaba e você se encontra só, deitado em sua cama, prestes a adormecer, o que você sente? Tranquilidade e leveza, sabendo que vive uma vida autêntica e justa, guiada pelo seu coração? Ou sente o terror da presença de Ammit, a insatisfação de viver uma vida que não te agrada, infeliz com seu destino e suas ações?

Finalizando

Ao tomar consciência da brevidade do tempo de sua existência e entender que você é o único responsável por suas próprias escolhas, brotará em você um enorme poder de transformação. Você se perceberá capaz de mudar o seu destino, buscando uma vida plena e feliz, alcançando um coração mais leve que a pena de Ma’at.

Não tenha medo de viver e fazer suas próprias escolhas. Essa vida é única. E, você querendo ou não, ninguém além de você mesmo é responsável pelo rumo em que ela está.